terça-feira, 10 de março de 2009

Quem é CARAMURU? por Helder Costa



CARAMURU



Diogo Alvares Correia, fidalgo da Casa Real, natural de Viana do Castelo, foi dos primeiros ( ou o primeiro?) dos Europeus a pisar solo Brasileiro.
Naufragou por volta de 1510 na baía de Todos os Santos e ficou nas mãos dos índios Tupinambá, guerreiros e antropófagos. Triste destino em perspectiva.
Mas, segundo o poema épico de Frei José de Santa Rita Durão ( século XVIII, Minas Gerais), enfermo e fraco, conseguiu astuciosamente retirar do barco destroçado pólvora , munições, e a espingarda servia – lhe de cajado…
Passa – se uma luta entre tribos rivais, Diogo Alves dispara e transforma – se num herói. Dão –lhe o nome CARAMURU, Filho do Trovão ou Criador do Fogo por causa do som e do fogo da sua arma.
Cerca de 30 anos mais tarde, em Tanegashima, ilha do Japão , um outro português tem uma aventura semelhante. Fernão Mendes Pinto, o extraordinário cronista de “ Peregrinação”, conquista as graças do Nautaquim, o senhor da ilha, mostrando o poder do fusil derrubando um pássaro. Novamente o poder da arma desconhecida a fazer a sua lei de espanto e novidade. Ainda hoje se comemora nessa ilha esse estranho facto de um barbudo chegar com uma espingarda que haveria de mudar o mundo Oriental ; quando Fernão voltou a essa ilha 2 anos depois, os Japoneses já tinham construído mais de 2 mil espingardas…nessa festa anual conta – se a lenda de o Rei Japonês ter dado a sua filha a Fernão…
Voltando a CARAMURU, a verdade e não lenda, é que ele casou com Paraguassu, a filha de Morubixava Taparica, chefe dos Tupinambas.
Assimilado à cultura Índia, o viajante de Viana do Castelo foi de enorme importância
ajudando a Coroa Portuguesa , os comerciantes e os missionários.
Numa viagem a França, a rainha Catherine de Medicis deu o nome de Catarina a Paraguassu. O casal teve varios filhos que iriam dar origem às mais importantes famílias da aristocracia Baiana.
O facto de se fazer um espectáculo de teatro recordando CARAMURU reveste particular importância no mundo actual.
Porque a acção de Diogo Alves Correia se insere nos princípios cosmopolitas que os grandes intelectuais portugueses, Damião de Góis, Padre António Vieira e outros, sempre defenderam em oposição ao colonialismo esclavagista.
Porque a miscigenação criando a mistura de raças significou e continuará a significar o caminho da unidade entre os povos. Apagando a estranheza e hostilidade contra o “OUTRO”, eliminando a guerra e cultivando a PAZ.
HÉLDER COSTA
Lisboa, 16 de Janeiro 2008

Sem comentários:

Enviar um comentário